Como sabemos, a alimentação é essencial para nossa saúde e bem-estar. O estado nutricional interfere diretamente nos diversos processos orgânicos como, por exemplo, no crescimento e desenvolvimento, nos mecanismos de defesa imunológica e resposta às infecções, na cicatrização de feridas e na evolução das doenças. A subnutrição - conseqüente de alimentação insuficiente, desequilibrada ou resultante de distúrbios associados à sua assimilação – vem cada vez mais atraindo a atenção de profissionais de saúde que cuidam de pacientes ambulatoriais ou internados em hospitais, certos de que apenas a terapêutica medicamentosa não é suficiente para se obter uma resposta orgânica satisfatória.
O profissional de enfermagem tem a responsabilidade de acompanhar as pessoas de quem cuida, tanto no nível domiciliar como no hospitalar, preparando o ambiente e auxiliando-as durante as refeições. É importante verificar se os pacientes estão aceitando a dieta e identificar precocemente problemas como a bandeja de refeição posta fora do alcance do mesmo e sua posterior retirada sem que ele tenha tido a possibilidade de tocá-la - fato que se observa com certa freqüência. Os motivos desse tipo de ocorrência são creditados ao insuficiente número de pessoal de enfermagem e ou ao envolvimento dos profissionais com atividades consideradas mais urgentes. Além de causas estruturais como a falta de recursos humanos e materiais, evidenciam- se valores culturais fortemente arraigados no comportamento do profissional, como a supervalorização da tecnologia e dos procedimentos mais especializados, o que, na prática, se traduz em dar atenção, por exemplo, ao preparo de uma bomba de infusão ou material para um curativo, ao invés de auxiliar o paciente a alimentar-se. Coincidentemente, os horários das refeições se aproximam do início e término do plantão, momentos em que há grande preocupação da equipe em dar continuidade ao turno anterior ou encerrar o turno de plantão, aspecto que representa motivo adicional para o .abandono. do paciente. No entanto, os profissionais não devem eximir-se de tal responsabilidade, que muitas vezes compromete os resultados do próprio tratamento.
Cuidados gerais no processo de alimentação e hidratação:
- O profissional de enfermagem deve ter consciência da importância do estado nutricional para a recuperação do cliente/paciente
- O profissional de enfermagem deve notificar o SND das admissões, transferências, altas e óbitos de clientes/pacientes, bem como das alterações dietéticas prescritas pelo médico
- Comunicar solicitações alimentares dos clientes ocorridas fora dos horários de visita do SND
- Manter entrosamento constante com o SND, informando eventuais anormalidades e observações gerais relativas ao cliente durante as refeições. O bom relacionamento entre a equipe de enfermagem e o SND é importante para que o processo de alimentação e hidratação sejam de maneira adequada, proporcionando benefícios para o cliente e para a equipe
- O profissional de enfermagem deve manter condições ambientais adequadas, que estimulem a aceitação alimentar
- Certificar-se de que s portadores de prótese dentária as estejam usando durante a refeição
- Providenciar ambiente tranqüilo
- Colocar a bandeja de refeição ao alcance do cliente
- Os pacientes impossibilitados de alimentarem-se sozinhos devem ser assistidos pela enfermagem, a qual deve providenciar os cuidados necessários de acordo com o grau de dependência existente. Por exemplo, visando manter o conforto do paciente e incentivá-lo a comer, oferecer-lhe o alimento na boca, na ordem de sua preferência, em porções pequenas e dadas uma de cada vez.
- Ao término da refeição, servir-lhe água
- Anotar a aceitação da dieta no prontuário: hora da alimentação, tipo de dieta, aceitação da dieta, reações do paciente e alterações observadas.
- Durante o processo, proteger o tórax do paciente com toalha ou guardanapo, limpando-lhe a boca sempre que necessário, são formas de manter a limpeza.
- Evitar interromper a alimentação do paciente para qualquer outro cuidado
- Os alimentos quentes devem ser servidos quentes e frios, servidos frios
- Servir os alimentos em pequenas porções, dando ao paciente oportunidade de repetir e saborear o alimento
- Adequar os alimentos as condições de mastigação
- Ao final, realizar a higiene oral.
- Visando evitar que o paciente se desidrate, a enfermagem deve observar o atendimento de sua necessidade de hidratação. Desde que não haja impedimento para que receba líquidos por via oral, cabe ao Serviço de Nutrição e Dietética fornecer água potável em recipiente apresentável e de fácil limpeza, com tampa, passível de higienização e reposição diária, para evitar exposição desnecessária e possível contaminação.
- Nem sempre os pacientes atendem adequadamente à necessidade de hidratação, por falta de hábito de ingerir suficiente quantidade de água . fato que, em situações de doença, pode levá-lo facilmente à desidratação e desequilíbrio hidroeletrolítico. Considerando tal fato, é importante que a enfermagem o oriente e incentive a tomar água, ou lhe ofereça auxílio se apresentar dificuldades para fazê-lo sozinho. A posição sentada é a mais conveniente, porém, se isto não for possível, deve-se estar atento para evitar aspiração acidental de líquido.
- Dietas por sondas ou ostomias, devem ser administradas respeitando o horário de intervalo entre uma e outra e a hidratação, bem como manter cuidados gerais na manipulação das sondas. Também devem ser anotadas no prontuário conforme descrito acima.
Fatores que favorecem a digestão e assimilação dos alimentos
- Boa aparência e cheiro agradável dos alimentos;
- Preferências individuais
- Ausência de maus odores
- Ambiente agradável, calmo e limpo
- Ausência de fadiga física e mental
- Regularidade nom horário das refeições;
- Posição cômoda
- Adequação às necessidades e condições do paciente.
TÉCNICA DE ALIMENTAÇÃO
Cliente deambulando e capaz de alimentar-se sozinho
- Lavar as mãos
- Posicionar mesa de refeição com a bandeja da dieta
- Checar a dieta correta
- Seguir todos os cuidados gerais descritos acima
- Realizar anotação de enfermagem no prontuário do cliente: hora da alimentação, tipo de dieta, aceitação da dieta, reações do paciente e alterações observadas.
Cliente acamado, capaz de alimentar-se sozinho
- Lavar as mãos
- Posicionar mesa de refeição com a bandeja da dieta
- Checar a dieta correta
- Ajudar o paciente a senta-se
- Proteger tórax
- Colocar o prato, copo e talheres ao seu alcance, cortar a carne e o pão, se for necessário
- Caso o paciente recusar a refeição ou deixar de comer alimentos adequados à sua dieta, persuadi-lo explicando-lhe o valor dos mesmos
- Terminada a refeição, oferecer-lhe água
- Remover a bandeja
- Oferecer material para higiene oral e lavar as mãos
- Deixar o paciente confortável e a unidade em ordem
- Realizar anotação de enfermagem no prontuário do cliente: hora da alimentação, tipo de dieta, aceitação da dieta, reações do paciente e alterações observadas..
Cliente acamado, incapaz de alimentar-se sozinho
- Lavar as mãos
- Posicionar mesa de refeição com a bandeja da dieta
- Checar a dieta correta
- Colocar o paciente em posição de fowler, se não houver contra-indicação
- Proteger tórax
- Servir pequena quantidade de alimento de cada vez e, se estimular o paciente a aceitar toda a refeição;
- Se o paciente estiver impossibilitado de ver, descrever-lhe os alimentos antes de começar a alimentá-lo;
- Limpar a boca do paciente, sempre que necessário
- Terminada a refeição, oferecer-lhe água
- Remover a bandeja
- Fazer a higiene oral do cliente e deixa-lo confortável e a unidade em ordem
- Realizar anotação de enfermagem no prontuário do cliente: hora da alimentação, tipo de dieta, aceitação da dieta, reações do paciente e alterações observadas.
Referências Bibliográficas:
BORSOI, M.A. Nutrição e dietética: noções básicas. 2.ed. São Paulo: Editora Senac, 1995.
MOZACHI, N. et al. Cuidados Gerais. In: SOUZA, V.H.S.; MOZACHI, N. O Hospital: manual do ambiente hospitalar. 7.ed. Curitiba: Os autores, 2007. Cap.4. p.42 a 54.
PIANUCCI, A. Saber cuidar: procedimentos básicos em enfermagem. 13.ed. São Paulo: Editora Senac, 2008.
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Departamento de Gestão da Educação na Saúde. Projeto de Profissionalização dos Trabalhadores da Área de Enfermagem. Profissionalização de auxiliares de enfermagem: cadernos do aluno: fundamentos de enfermagem /2. ed. rev. 1.a reimpr. - Brasília: Ministério da Saúde; Rio de Janeiro: Fiocruz, 2003.